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Análise do papel da Arquitetura Empresarial (Enterprise Architecture):

Este é o segundo artigo de uma série em que analisaremos os principais motivos que fazem empresas fracassarem em suas iniciativas de Transformação Digital. Se você ainda não acessou o primeiro conteúdo, confira aqui. Nele, falamos sobre o papel da área de TI e o perfil do CIO.

Neste novo artigo, abordarei o conceito da Arquitetura Empresarial (Enterprise Architecture – EA), amplamente difundido por modelos de referência como o TOGAF® e consultorias como o Gartner Group®. A questão central a ser discutida aqui é: como a EA e seus desdobramentos podem influenciar a jornada de Transformação Digital?

Inicialmente, vamos passar por uma breve contextualização sobre o que é Enterprise Architecture:

Transformação-digital
A Arquitetura Empresarial (Enterprise Architecture – EA) é um conjunto de práticas, princípios e metodologias que visa estruturar, planejar e gerenciar os componentes de uma organização, integrando seus processos, informações, sistemas e tecnologias. A EA busca alinhar a estratégia de negócios com as capacidades tecnológicas, facilitando a tomada de decisões e promovendo a eficiência, agilidade e adaptação a mudanças no ambiente empresarial.

Ponto de partida da análise: a situação atual da EA na empresa.

Quantos anos tem a empresa?

Essa pode parecer uma pergunta estranha, mas sua resposta tende a dar dicas do que encontraremos pela frente. Empresas jovens, que possuem poucos anos de vida, tendem a ter nascido já em um mundo em que computação em nuvem era a realidade, micro serviços e APIs faziam parte do dia a dia tecnológico e profissionais de tecnologia eram formados para pensar em arquiteturas componíveis e modulares.

Em contrapartida, apesar de não ser uma regra, organizações mais antigas tendem a ter arquiteturas monolíticas construídas a partir da evolução e customização de blocos sistêmicos complexos cujo centro, em geral, era um ERP como o SAP, Oracle ou TOTVS. Essas empresas, orientadas por um paradigma tecnológico vigente nos anos 90 e começo de 2000, seguiram a linha de pensar o ERP e os seus sistemas centrais como um grande produto único a ser customizado e mantido o mais fiel possível aos requisitos específicos de operação.

De forma alguma há julgamento se uma estratégia ou outra está certa ou errada. Há de se entender que o momento do tempo e o conhecimento tecnológico vigente das diferentes épocas regiam o que era a “melhor prática de arquitetura”.

Também é importante ressaltar que há organizações antigas que vêm passando constantemente por um processo de modernização de suas arquiteturas tecnológicas, evoluindo seus legados para que consigam usufruir da nova forma de pensar integrações e conexões com o mundo digital moderno.

Características de uma arquitetura monolítica:

Uma arquitetura monolítica, no contexto da Tecnologia da Informação, refere-se a um tipo de design de software no qual todas as funcionalidades e componentes de uma aplicação são desenvolvidos e combinados em um único sistema coeso. Nessa abordagem, os elementos da aplicação, como interface do usuário, lógica de negócios e acesso a dados, estão interligados e executam juntos, dificultando a separação e a escalabilidade individual de cada componente. Essa arquitetura pode simplificar o desenvolvimento inicial, mas pode se tornar complexa e inflexível à medida que a aplicação cresce e evolui.

Características de uma arquitetura modular, componível, orientada a serviços:

Uma arquitetura de software componível é uma abordagem de design de software que enfatiza a modularidade e a flexibilidade. Nesse tipo de arquitetura, a aplicação é dividida em componentes menores e independentes, chamados de serviços ou módulos, que podem ser desenvolvidos, implantados e escalados separadamente.

Cada serviço possui uma responsabilidade bem definida e se comunica com outros serviços por meio de interfaces e protocolos padronizados. Isso permite que os componentes sejam facilmente substituídos, atualizados ou estendidos, sem afetar o restante do sistema. A arquitetura componível promove a reutilização de código, a manutenibilidade e a escalabilidade, facilitando a adaptação a mudanças nos requisitos de negócios e tecnologia.

Quantos anos tem a empresa?

Essa pode parecer uma pergunta estranha, mas sua resposta tende a dar dicas do que encontraremos pela frente. Empresas jovens, que possuem poucos anos de vida, tendem a ter nascido já em um mundo em que computação em nuvem era a realidade, micro serviços e APIs faziam parte do dia a dia tecnológico e profissionais de tecnologia eram formados para pensar em arquiteturas componíveis e modulares.

Em contrapartida, apesar de não ser uma regra, organizações mais antigas tendem a ter arquiteturas monolíticas construídas a partir da evolução e customização de blocos sistêmicos complexos cujo centro, em geral, era um ERP como o SAP, Oracle ou TOTVS. Essas empresas, orientadas por um paradigma tecnológico vigente nos anos 90 e começo de 2000, seguiram a linha de pensar o ERP e os seus sistemas centrais como um grande produto único a ser customizado e mantido o mais fiel possível aos requisitos específicos de operação.

De forma alguma há julgamento se uma estratégia ou outra está certa ou errada. Há de se entender que o momento do tempo e o conhecimento tecnológico vigente das diferentes épocas regiam o que era a “melhor prática de arquitetura”.

Também é importante ressaltar que há organizações antigas que vêm passando constantemente por um processo de modernização de suas arquiteturas tecnológicas, evoluindo seus legados para que consigam usufruir da nova forma de pensar integrações e conexões com o mundo digital moderno.

Características de uma arquitetura monolítica:

Uma arquitetura monolítica, no contexto da Tecnologia da Informação, refere-se a um tipo de design de software no qual todas as funcionalidades e componentes de uma aplicação são desenvolvidos e combinados em um único sistema coeso. Nessa abordagem, os elementos da aplicação, como interface do usuário, lógica de negócios e acesso a dados, estão interligados e executam juntos, dificultando a separação e a escalabilidade individual de cada componente. Essa arquitetura pode simplificar o desenvolvimento inicial, mas pode se tornar complexa e inflexível à medida que a aplicação cresce e evolui.

Características de uma arquitetura modular, componível, orientada a serviços:

Uma arquitetura de software componível é uma abordagem de design de software que enfatiza a modularidade e a flexibilidade. Nesse tipo de arquitetura, a aplicação é dividida em componentes menores e independentes, chamados de serviços ou módulos, que podem ser desenvolvidos, implantados e escalados separadamente.

Cada serviço possui uma responsabilidade bem definida e se comunica com outros serviços por meio de interfaces e protocolos padronizados. Isso permite que os componentes sejam facilmente substituídos, atualizados ou estendidos, sem afetar o restante do sistema. A arquitetura componível promove a reutilização de código, a manutenibilidade e a escalabilidade, facilitando a adaptação a mudanças nos requisitos de negócios e tecnologia.

Análise central:

Tendo ficado clara a diferença entre ambas as abordagens, vamos relacioná-las com a Arquitetura Empresarial (EA) e com o contexto em que vivemos hoje.
Fala-se o tempo todo sobre agilidade, responsividade e incertezas. De fato, vivemos em um mundo no qual é muito difícil fazer planos e projeções de longo prazo. Muitas variáveis sociais, econômicas e geopolíticas estão na mesa e literalmente tudo pode mudar de uma semana para outra. Guerras, pandemias cíclicas, instabilidade cambial, reorganização da cadeia de suprimentos, entre outras variáveis, nos trazem muita dificuldade de projetar uma operação estável.
Não é à toa que os temas relacionados à “agilidade”, tanto para tecnologia quanto para as demais áreas corporativas, estão cada vez mais sendo demandados. Agilidade prega a capacidade de readequar a rota da sua organização quando a estratégia, o cenário externo ou o contexto interno mudam. Agilidade fala sobre ser responsivo a mudanças em um ambiente com pouca previsibilidade e certeza. Se estamos vivendo nesse ambiente, as organizações de hoje precisam ser flexíveis e rápidas na resposta a eventuais mudanças de contexto.

Mas e a Transformação Digital?

A necessidade de as organizações passarem por uma Transformação Digital pode ser entendida como uma resposta a todo o cenário de mudanças descrito anteriormente. Se o perfil do cliente está mudando, se a jornada de consumo está mudando, se o cenário competitivo e as forças de concorrência estão mudando, as empresas precisam mudar seus negócios para continuarem prósperas. Dentro do tema Transformação Digital, que exploramos também em outros conteúdos (confira aqui), a incerteza é a regra.

Não à toa, as principais teorias relacionadas ao empreendedorismo das startups, aos modelos de negócio digitais e seus derivados falam em abordagens ágeis, testes, experimentações e capacidade de se reinventar. Transformar-se digitalmente exige das pessoas e da tecnologia uma alta capacidade de se adequar, reorganizar e prontamente responder a mudanças percebidas no ambiente interno e externo.

Como juntamos os pontos?

Se para passar por uma Transformação Digital uma organização precisa que suas capacidades de processos de negócio, sistemas, infraestrutura e dados sejam responsivas e adaptativas, qual dos dois modelos de arquitetura tende a gerar maior facilidade? E qual tende a levantar mais riscos?

Arquitetura monolítica

Organizações que vivem ainda um cenário de arquitetura empresarial sustentada por modelos monolíticos de arquitetura de sistemas são mais rígidas e lentas na resposta a mudanças. Demoram mais, gastam mais recursos e têm mais dificuldade de alterar processos de negócio, revisar regras de negócio ou criar integrações com parceiros de mercado por exemplo.

Essas empresas têm maior risco de ruptura e de parada dos seus ambientes produtivos vigentes, aumentando a vulnerabilidade das linhas de produtos e serviços atuais quando decidem fazer mudanças mais estruturais. Mexer estruturalmente em arquiteturas monolíticas é o pesadelo de quaisquer lideranças de Tecnologia da Informação.

Arquitetura componível

Organizações que já usufruem de modelos de arquitetura empresarial sustentados por arquiteturas de sistema componíveis e orientadas a serviços tendem a ter maior capacidade de reagir a mudanças de mercado, adequar seu core business, alterar processos de negócio, fazer integrações com players do ecossistema digital e, com isso, capturar maior valor.

Essas empresas têm capacidades digitais prontas para atender o que a estratégia corporativa pede com maior rapidez e menor risco de parada dos serviços atuais. O desacoplamento dos módulos permite que você trabalhe com inovações e experimentações em módulos sistêmicos que não afetam os demais que atuam na sustentação dos processos produtivos em vigor.

Conclusão

Se a Arquitetura Empresarial (EA) é a conexão da estratégia de negócio com a arquitetura de processos, além da derivação para as capacidades tecnológicas da companhia, empresas que possuem arquiteturas tecnológicas monolíticas estão com o freio de mão puxado na jornada de Transformação Digital.

O que fazer com esse cenário não é uma tarefa simples. Muitas empresas líderes de mercado ainda operam com arquiteturas monolíticas e precisaram tomar decisões difíceis ao longo dos anos. Algumas partiram para projetos “green field”, construindo seus negócios digitais do zero e segregados de suas operações “mãe” e outras vêm trabalhando para o desacoplamento de suas arquiteturas legadas para que sejam atualizadas. Independentemente do percurso, é uma jornada desafiadora que exige boas pessoas, planejamento e um conjunto de parceiros de confiança para minimizar os riscos.

Na Bridge, lidamos com desafios de Transformação Digital e revisão da arquitetura de empresas há mais de uma década. Se o assunto for do seu interesse, entre em contato conosco para continuarmos essa conversa.

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É Sócio-Diretor e Líder de Governança de TI e ITSM da Bridge & Co. É mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, auditor ISO 20.000, certificado ITIL Expert e CGEIT, entre outras. É professor de pós-graduação em Estratégia e Governança de TI em instituições como UFRJ, UFJF e FGV. Possui experiência em projetos de grande porte de transformação digital, desenho organizacional de áreas de TI e elaboração de processos orçamentários para Tecnologia da Informação.